Retinopatia Diabética
- Dra Larissa Magalhães

- 15 de nov. de 2022
- 5 min de leitura

No dia 14 de Novembro comemora-se o Dia Mundial do Diabetes e o objetivo é conscientizar a população sobre a doença, estimulando a prevenção e o controle de suas complicações. Ao descobrir o diabetes, é essencial que o paciente seja avaliado pelo oftalmologista, pois sua visão pode ser afetada pela doença.
Entre os problemas oculares causados pelo diabetes estão: a retinopatia diabética, o edema macular diabético, e até o glaucoma e a catarata. Dentre essas doenças, a retinopatia diabética merece destaque, pois é a principal causa de cegueira em pessoas em idade produtiva no mundo.
O que é a retinopatia diabética?
A retinopatia diabética é uma doença progressiva que afeta os vasos sanguíneos do fundo dos nossos olhos. É responsável por cerca de 15% dos casos de cegueira legal que surgem ao ano e pode ocorrer tanto em pacientes com diabetes do tipo I quanto do tipo II. Estima-se que mais de 2,5 milhões de pessoas no mundo são acometidas pela retinopatia diabética e de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), os pacientes diabéticos apresentam 25 vezes maior chance de perda visual quando comparados aos pacientes que não são diabéticos.

O dano é causado pelo excesso de açúcar no sangue em contato prolongado com a parede dos vasos sanguíneos da retina, causando lesões e fazendo com que um material anormal seja depositado nos vasos da região chamada fundo de olho. Isso causa o estreitamento e, até mesmo, o bloqueio desses vasos. Além disso, também pode causar o enfraquecimento de suas paredes, fator que provoca a formação de deformidades: os microaneurismas, que podem se romper e causar hemorragia e consequente infiltração de gordura na retina, podendo levar ao seu descolamento. Quanto mais avançada a retinopatia, maior a destruição da retina e maior a chance de perda permanente da visão.
Quais são os sintomas ?

A retinopatia diabética é uma doença que pode se desenvolver de forma silenciosa na fase inicial. Esse é um fator que dificulta a identificação precoce do problema e favorece a presença de complicações e alterações relacionadas à visão.
À medida que a doença progride, os sintomas podem incluir:
● Perda da qualidade da visão;
● Moscas volantes (pequenas sombras que parecem flutuar no campo de visão)
● Perda da visão, que pode ser central ou periférica
● Distorções das imagens
● Pequenos pontos escuros ou linhas na visão.
É fundamental que, na ocorrência dessas alterações visuais, um médico oftalmologista seja consultado para que o caso seja avaliado e tratado da forma correta, com a finalidade de evitar o avanço da doença.
Como é feito o diagnóstico da retinopatia diabética?
O diagnóstico da retinopatia diabética pode ser realizado por meio de uma ampla avaliação oftalmológica. O primeiro exame é o exame do fundo do olho, realizado por um oftalmologista, onde a pupila do paciente é dilatada. Por meio dele, é possível enxergar anomalias vasculares, hemorragias, microaneurismas e até a proliferação de novos vasos.
Os exames complementares, usados para confirmar o diagnóstico e programar o tratamento da retinopatia diabética, incluem:
● Retinografia - registro fotográfico das alterações diagnosticadas no exame de fundo do olho.
● Biomicroscopia de fundo: avaliação detalhada da região central do fundo de olho utilizando um microscópio de grande aumento e grande resolução.
● Mapeamento de retina - avalia as áreas periféricas em que o exame de biomicroscopia de fundo não alcança.
● OCT (tomografia de coerência óptica) – exame capaz de identificar alterações presentes na retina e fornecer medidas da espessura e de possíveis lesões, além de diagnosticar a presença e a gravidade de edemas na mácula.
● Angiografia com fluoresceína – exame que avalia a presença de vasos sanguíneos anormais, através de imagens obtidas com uma iluminação especial, na utilização de contraste.
● Ultrassom – exame capaz de avaliar as estruturas internas do olho e da cavidade orbitária. Através dele, é possível identificar a presença de hemorragias vítreas.
Os exames oftalmológicos preventivos são fundamentais, uma vez que, nas fases iniciais, a maioria dos pacientes com retinopatia diabética não apresenta sintomas. Esses exames devem ser realizados ao menos uma vez por ano. De acordo com a fase da retinopatia, os exames devem ser repetidos com maior frequência. Além disso, em caso de alterações da visão, o paciente diabético deve ser examinado o quanto antes!
Lembramos que todos esses exames devem ser realizado, sempre, pelo médico oftalmologista. Somente ele é capaz de identificar alterações capazes de afetar a visão e realizar o tratamento correto.
Qual a importância do diagnóstico precoce da retinopatia diabética?
É de extrema importância que a retinopatia diabética seja detectada o quanto antes. O diagnóstico feito no tempo adequado, reduz o risco de perda de visão total. Sendo assim, não deixe de consultar um oftalmologista (preferencialmente uma vez ao ano) para se certificar!
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), os pacientes com diabetes tipo I devem realizar o exame de fundo de olho 5 anos após o diagnóstico e os diabéticos tipo II no momento do diagnóstico. Os pacientes que já apresentam sinais retinopatia diabética devem ser reavaliados com maior frequência.
Como é realizado o tratamento da retinopatia diabética?
Embora ainda não exista cura para a retinopatia diabética, o tratamento é capaz de retardar o avanço da doença e, consequentemente, a perda da visão.
Desde o momento do diagnóstico do diabetes, é importante que sejam adotadas medidas e mudanças de hábitos para que a glicemia permaneça em níveis considerados normais e, dessa forma, seja possível prevenir as complicações causadas pela doença. Entre as medidas fundamentais estão: alimentação adequada, prática de atividades físicas, boa adesão ao tratamento, controle das taxas de glicose no sangue, acompanhamento médico e de outros profissionais de saúde.
O tratamento da retinopatia diabética depende da fase em que a doença se apresenta. Nos estágios iniciais, em alguns casos, pode ser suficiente apenas a monitorização regular com o médico oftalmologista e acompanhamento de uma possível evolução com exames complementares.
Já nos casos mais graves, o tratamento abrange:
Antiangiogênicos - Terapia moderna que inibe a proliferação de vasos sanguíneos doentes na retina e pode atuar no edema macular diabético. Nos pacientes com indicação cirúrgica, é comum a injeção da medicação 3 a 5 dias antes da cirurgia com o objetivo de diminuir a chance de sangramento durante a cirurgia. A droga é injetada dentro do olho após instilação de colírio anestésico e pode ser necessário mais de uma aplicação. O procedimento é indolor e seguro.
Laser – Também chamado de fotocoagulação retiniana, é um procedimento realizado no consultório após a dilatação da pupila. O laser tem como principal objetivo evitar a progressão da doença e o ideal é que seja realizado nas fases iniciais da doença. Os raios do aparelho “secam” os vasos sanguíneos anormais. É comum que três sessões ou mais sejam necessárias para completar o tratamento.
Cirurgia de vitrectomia – É indicada para casos avançados da doença, em que há hemorragia vítrea grave. Esse procedimento visa remover os neovasos que causaram o sangramento e assim, evitar novas hemorragias. O procedimento é feito sob anestesia local e, eventualmente, pode ser acompanhado de laser.
É preciso que todo paciente diabético seja acompanhado pelo médico oftalmologista?
Sim, é fundamental que todo paciente diabético realize o acompanhamento oftalmológico, bem como multiprofissional,que inclui também o endocrinologista, nutricionista, angiologista, dermatologista, nefrologista e cardiologista. Dessa forma, é possível prevenir e diagnosticar precocemente possíveis complicações relacionadas ao Diabetes.




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